Em Carta Aberta, divulgada esta semana, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses desafia o presidente da AGIF a vir publicamente dar conta do valor total dos gastos com o combate aos incêndios florestais.
Os Bombeiros são de boas contas, como provam todos os documentos apresentados nas respetivas assembleias gerais das associações e a todas as entidades a quem cabe analisá-las. São mais que escrutinados e ainda bem. Por isso, entendem também ter o direito de exigir que se prestem contas aos portugueses sobre os custos detalhados de tudo onde estão envolvidos, nomeadamente, dos incêndios florestais.
“Carta Aberta ao
Senhor Presidente do Conselho Diretivo da AGIF, Doutor Tiago Oliveira
Com a informação de que dispõe, não quererá V. Ex.ª publicar o valor total dos custos com o combate aos incêndios florestais, subdividido por meios aéreos, pagamento de despesas aos bombeiros, despesas da UEPS/GNR, do ICNF, das Forças Armadas, dos Sapadores Florestais e outras entidades envolvidas no combate, tal como as despesas assumidas diretamente pelas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, no ano de 2022? E já agora pode apresentar o orçamento dessas mesmas despesas para 2023? E, já que afirma que os Bombeiros ganham com as áreas ardidas, pode apresentar as comparticipações que o Estado atribui, nos anos seguintes, às corporações de bombeiros dos 10 municípios mais afetados por áreas ardidas em 2017 e 2022?
Com o volume de informação de que dispõe e o Orçamento que lhe está afeto anualmente, certamente poderá vir a público dar estas imprescindíveis informações.
Mas, admitimos que não o faça, porque bem sabemos que os resultados seriam desastrosos para as suas afirmações, que teima em não corrigir, e que ficaria bem demonstrado, publicamente, que as Associações Humanitárias de Bombeiros são subfinanciadas pelo Estado e que os subsídios anuais que as Autarquias atribuem aos seus Bombeiros, são imprescindíveis para que o País possa ter o seu “exército de socorro” para atender a todas as situações de emergência e enfrentar os riscos e vulnerabilidades que um território desordenado oferecem para as missões dos nossos Bombeiros.
Porém, como a esperança é a última a morrer, como diz o povo, pode ser que num gesto de humildade democrática e de ética, nos venha informar sobre os ganhos reais que os Corpos de Bombeiros têm vindo, ano após ano, a registar com as áreas ardidas em cada município. Ficaremos a aguardar, caro Presidente Tiago Oliveira.
António Nunes
Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses”
Imagem | Bombeiros Voluntários de Soure