Passemos a contar a história para quem não a conheça. Há dias, internautas decidiram abraçar uma causa que, em seu entender, mas sem conhecimento de todos os pormenores, configurava um caso de injustiça para com um bombeiro no apoio a ferimento contraído em serviço.
Então, a esse propósito, não se pouparam em encómios negativos para apontar os dedos à Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e ao Fundo de Proteção Social do Bombeiro (FPSB) sobre a injustiça da situação e justificando os impropérios dirigidos aos seus dirigentes como os acertados.
Logo de seguida, admitindo poder ser verdade, foi desenvolvida uma investigação que, ao invés, permitiu provar que, não só não é verdade a dita história, como até se verifica ter havido atenções especiais no caso.
Os mesmos internautas tiveram, entretanto, conhecimento dos factos e, que se saiba, nenhum veio a terreiro reconhecer o erro e a idoneidade das instituições e dos seus dirigentes. Como se nada se tivesse passado.
Este é um episódio, mas poderiam contar-se mais, em torno do FPSB, injusto e desconhecedor do seu modo de funcionamento com suporte num regulamento, sublinhe-se, aprovado por unanimidade num Congresso da LBP, dado a conhecer a todas as associações e corpos de bombeiros e passível de consulta na internet.
Por isso, o funcionamento do FPSB não assenta na eventual arbitrariedade deste ou daquele dirigente, mas no cumprimento rigoroso do dito regulamento.
Fala-se muitas vezes daquilo que não se conhece verdadeiramente. E, pior ainda, comenta-se sem conhecimento e agride-se a eito a honorabilidade de pessoas que dão o seu melhor pela causa e, em especial, do FPSB.
A realidade do FPSB é a mais transparente que possa ser, haja vontade para dela tomar conhecimento. Transparente, quer nas disposições legais em que se baseia, quer da informação que dela existe, nomeadamente, disponível no Relatório e Contas da LBP de cada exercício.
Sucessivamente, o FPSB tem procurado alargar a divulgação das suas capacidades. Para isso, também, é fundamental o empenho e interesse dos dirigentes associativos, dos comandos e dos próprios bombeiros.
Questão diversa é saber se o FPSB completa o leque que desejaríamos de recursos a favor dos bombeiros. Todos estamos de acordo que merecem muito mais daquilo de que dispõem. Isso implica trabalhar para isso, mas, contudo, sem pôr em causa o que já há e que nem sempre é aproveitado pelos interessados.
Em 2022, mesmo assim, o FPSB atribuiu quase dois milhões de euros, em apoios vários, creches, comparticipações de estudo, alojamento e vestuário, pensões de sangue e propinas.
As histórias que muitas vezes se contam em torno destas questões só doem pela forma soez como são apresentadas. E o modo como colocam em causa a dignidade e a honorabilidade de quem tenta fazer o seu melhor em prol dos beneficiários do FPSB. Erros todos os cometem e caso se verifiquem, só há que os corrigir. Mas não são eles que surgem com “histórias” como aquela com que começámos este texto. Não há mal em reconhecer o erro.