“Não estamos disponíveis para aceitar a imposição de regras, preceitos ou ordens, sem diálogo, mesmo que disfarçados de solicitações ou frases de difícil interpretação em documentos ditos imprescindíveis, mas que devem ter sempre em consideração que o Estado Central ou Regional não tem Bombeiros e por isso impõe-se a estabilização dos contratos programas, em permanente diálogo com os agentes de proteção civil” afirmou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
António Nunes advertiu ainda que, “o Estado, não tendo recursos para ter o seu “próprio exército de socorristas” quis, unilateralmente, apoderar-se do património imaterial dos portugueses, que são os seus bombeiros voluntários, cidadãos livres que decidem aderir a uma causa de defesa dos seus concidadãos”
O presidente da LBP falava nas comemorações do 120.º aniversário da Federação de Bombeiros Portugueses, percursora da LBP, e do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974.
Perante a ministra da Administração Interna, dos seus dois secretários de Estado e do próprio presidente da ANEPC, presentes na cerimónia, António Nunes sublinhou que, “quiseram passar a confundir proteção civil com bombeiros que, obviamente, desempenham papéis distintos, muito diferentes, embora relacionados e complementares”, reiterando que, “os Bombeiros, humildemente, recusam lições de quem quer que seja sobre socorro e salvamento de pessoas e bens, sendo capazes, como sempre foram, de se organizar, hierarquizar, comandar e executar as tarefas que lhes pertencem por direito próprio, no respeito pela sua história e identidade, no princípio de Bombeiros comandados por Bombeiros”.
O presidente da LBP advertiu ainda que, “desvios ou caminhos enviesados para se obterem modelos pseudomodernos ou de duvidosa eficiência serão sempre denunciados pelos Bombeiros portugueses, na firme convicção de que, são eles, que estão sempre na primeira linha de defesa e socorro das suas populações”.
António Nunes lembrou ainda que, “os Bombeiros estiveram sempre na primeira linha da modernização, quando foram capazes de criar os instrumentos de gestão e aperfeiçoamento do controlo operacional necessários, revindicando para os Bombeiros o que é dos Bombeiros, articulando-se com as estruturas de proteção civil nas situações de catástrofe ou calamidade, como os demais agentes de proteção civil ou quando exigiram a criação da Escola Nacional de Bombeiros, na plena consciência que o Estado não tem Bombeiros”.
Hoje, como há 120 anos, segundo o presidente da LBP, “os Bombeiros portugueses sabem o que querem, dando um exemplo de dádiva à sociedade, sendo um exemplo do voluntariado”. E, conclui, afirmando que, “estamos disponíveis, como sempre estivemos, para a ajudar à construção de um adequado e qualificado sistema de proteção e socorro das populações (ou melhor dizendo, um sistema de proteção civil que prepare melhor os portugueses”.