O acentuado e acelerado desfasamento entre o apoio estatal às associações de bombeiros e a realidade é por demais evidente. O tempo passado, mais de uma década, as meras correções cosméticas feitas ao modelo de apoio e muitas circunstâncias desfavoráveis, nomeadamente, o aumento dos custos com pessoal conduziram ao beco onde hoje nos encontramos.
Há muito que a Liga dos Bombeiros Portugueses defende a mudança radical do modelo de financiamento para contrato-programa.
Estamos em crer que já teríamos aí chegado há mais tempo se tem havido coragem e discernimento político. Não houve e eis que voltamos à casa da partida. Em 2015 o modelo de financiamento aplicado baseado também no ressarcimento da TSU enfermou desde logo em erros e injustiças entre associações que até agora também não quiseram corrigir.
Os hipotéticos ajustes que depois se verificaram foram apenas atrás do prejuízo, ou seja, acorrendo a situações há muito comprovadas e atacadas tardiamente.
Hoje surge a oportunidade de, apesar de não conseguir corrigir os erros e prejuízos causados, encarar a realidade com clareza e previsibilidade. São características que os apoios oficiais nunca tiveram. Veja-se, por exemplo, o caso do subsídio de combustíveis sujeitos a uma fórmula que ninguém conheceu ou os atrasos nos pagamentos das despesas de fogos florestais e outros.
Nada disto mereceu estar sujeito à clareza e à previsibilidade que os contratos programa desejados terão que garantir. Saber com o que se conta é muito importante e durante todos estes anos, infelizmente, esse princípio não foi cumprido.
