Temer o pior não adianta

Estão criadas condições para um verão com incêndios florestais graves, palavras recentes do climatologista Carlos da Câmara, adiantando que “as ondas de calor tendem a ser mais frequentes, mais intensas e com maior extensão territorial”. O cientista admite até que o verão de 2025 possa situar-se entre os oito mais quentes.

Os alertas são, sem dúvida, importantes. Mas, acima de tudo, têm que ser consequentes, da parte das entidades a quem cabe prevenir, articular ações nesse sentido e, só no fim, aos bombeiros. O que acontece é que, habitualmente se “saltam” etapas e fica para o fim o mesmo, a expetativa que os bombeiros façam os possíveis e os impossíveis, colmatando as faltas de tudo o que ficou por fazer antes deles intervirem.

Aquando da apreciação da Diretiva Operacional Nº2, relativa ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DON/DECIR) verificou-se que a articulação com a Liga dos Bombeiros Portugueses ficou aquém do exigível e que, inclusive, as alterações avançadas pela confederação não tinham sido devidamente consideradas, como aconteceu, aliás, noutros anos.

A receita é conhecida: temperatura acima dos 30 graus, percentagem de humidade abaixo dos 30 e vento forte. É isto que faz temer o pior como se sabe. E é face a isto que os bombeiros se preparam e se adaptam sempre, quer nos seus próprios concelhos, quer fora deles a solicitação da Proteção Civil. É uma receita de sempre, mas que, face à evolução climatérica previsível, deverá merecer uma outra abordagem, e não a de sempre como agora ocorre. Importa fazer uma reflexão profunda como a Liga tem defendido e defende. Por isso, em nosso entender, temer o pior, só por si, não adianta nem chega.

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