O lado bom da história

É comum dizer-se que estamos a viver tempos difíceis nos mais diferentes níveis e domínios da sociedade. Porventura nem mais nem menos difíceis que noutras épocas, mas, sem dúvida, diferentes.

São os tempos difíceis, pelo desafio, pela novidade, pelo desconhecido, pelo insólito, até, a par de temas do passado recente ou longínquo. Tudo conta, tudo contribui para um novo diagnóstico, até para um novo paradigma, entre o que sente, se vê e se age.

Tempos difíceis a ditar mudanças. Em muitas situações, tal é o espectro das mudanças que se configuram que, nem sempre, parece fácil geri-las, seja no dia a dia, seja em momentos de maior acuidade.

Ao contrário do passado, porventura com mudanças menos radicais e mais lentas, hoje não basta capear o antigo com o novo para operar a mudança. Ela assume-se em toda a plenitude porque os tempos assim o ditam.

Continuar a querer financiar os bombeiros à antiga está condenado ao fracasso. Neste domínio a mudança obriga a encarar claramente o modelo de contrato-programa que garanta a sustentabilidade e a equidade das estruturas de socorro associativas. Hoje, mais do que nunca, não se pode evoluir sem mudar, técnicas, competências, modelos de gestão e organização. Abandonar o papel na gestão de uma associação não é apenas um gesto nem um mero procedimento. Quer dizer muita coisa e, desde logo, identifica o nível das mudanças que se estão a verificar com esforço e perseverança dos dirigentes.

O impacto e a dimensão das mudanças devem-se desde logo ao empenhamento, á vontade e à determinação de quem as assumem e operam. Isso radica hoje numa geração diferente, que, como já se disse, nasceu analógica e que cresceu e se desenvolveu digital e que, definitivamente não é nem pode ser e agir como as anteriores gerações.

Neste processo, os bombeiros não podem ficar alheios a essa mudança de estar e ser.

Para garantir o futuro temos que, desde já, garantir o presente. Mas um presente à luz das mudanças, sem desculpas nem subterfúgios, inclusive com soluções do passado.

A mudança nos Bombeiros está a fazer-se e vai continuar a fazer-se, mas sem alterações profundas na sua forma de funcionar/financiar tudo ficará pior. O transporte de doentes tem que ser sustentável. O pré-hospitalar tem que ser sustentável. O socorro e combate a incêndios tem que ser sustentável. Trata-se apenas de garantir os recursos para que as associações e os corpos de bombeiros possam cumprir as suas missões. Agora também o fazem, mas só Deus sabe com que dificuldades, com que obstáculos, injustos, indignos e diremos mesmo, imorais.

Os bombeiros, que muitos identificam como estando no lado bom da história, com valores, coragem, convicções, integridade e persistência, afinal, vivem muitos momentos de amargura para fazerem o que querem fazer em prol dos outros.

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